Na tarde do dia 31 de julho de 1890 o Conselho Municipal (denominação à época, da atual Câmara de Vereadores) de Cachoeira realizou uma sessão histórica, na qual foi discutida a implantação de um sistema de abastecimento de água e uma série de outros melhoramentos urbanos, como o "aformoseamento" de várias praças e o aterramento do Calabar (local atualmente conhecido como Campo da Manga, ao lado da sede do Tiro de Guerra), então um pântano mal-cheiroso onde era jogado todo o lixo da cidade e no qual proliferavam ratos, baratas e urubus.
A notícia foi divulgada no "Jornal de Notícias", de Salvador, em sua edição de 12 de agosto de 1890. A notícia está datada de 7 de agosto e foi enviada pelo correspondente do jornal em Cachoeira, Genésio Pitanga, que tinha na cidade uma livraria e papelaria. A notícia foi garimpada por este blog no Setor de Periódicos Raros da Biblioteca Pública da Bahia, onde há uma série de outras matérias a respeito de Cachoeira assinadas pelo jornalista.
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Jornal de Notícias (12/08/1890) |
Após enumerar as inúmeras vantagens do sistema, que colocaria, na época, Cachoeira como uma das cidades mais avançadas do Brasil, o Presidente do Conselho, Afonso Maciel, apresentou o projeto com um grande mapa da cidade preso em uma das paredes da Sala de Sessões do Conselho. Uma curiosidade: na época o Presidente do Conselho acumulava o cargo de Intendente (Prefeito).
Afonso Glycério da Cunha Maciel foi o engenheiro que anos antes tinha sido o fiscal da obra de construção da Imperial Ponte Dom Pedro II. Ele deixou uma notável "Memória Descriptiva" da obra, relato pormenorizado dos aspectos técnicos, das diversas etapas de construção e montagem dessa magnífica e desafiadora obra de engenharia. A construção da ponte foi dirigida pelo engenheiro francês Frederico Merci. Os cachoeiranos eternizaram o agradecimento a Afonso Maciel dando o nome dele a uma das praças mais importantes da cidade.
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Afonso Maciel foi também Presidente do Conselho Municipal de Salvador entre 1896-1897 |