No auge da luta pela reforma agrária, foco de tensão política no Brasil no período imediatamente anterior à deposição do Presidente João Goulart e à consequente implantação da Ditadura Militar, em 1964, a Fazenda Vitória do Paraguaçu, em Cachoeira foi invadida há 50 anos, precisamente em 7 de fevereiro de 1962, por trabalhadores rurais que desejavam adquirir, pelo menos, a posse da terra onde trabalhavam e moravam. A Fazenda Vitória, no período imperial foi um dos mais ativos e produtivos engenhos de açucar do Nordeste e tinha pertencido inicialmente a Pedro Rodrigues Bandeira, uma das principais fortunas da época e introdutor da primeira máquina a vapor num engenho de açucar e mais tarde num barco, criando o Vapor de Cachoeira, em 1819. Em 1962, quando ocorre a invasão dos trabalhadores rurais, as terras do antigo engenho já pertenciam ao Instituto do Açúcar e do Álccol (IAA), órgão do governo federal. Fora incorporada aos bens da União como pagamento de dívidas e empréstimos bancários não honrados. A notícia da ocupação das terras mereceu destaque na edição do jornal O GLOGO (RJ), que em sua página de história das edições do próprio jornal relatou em 08 de fevereiro de 2012, a situação ocorrida há cinquenta anos.
*OBS: O jornal grafa errado o nome, chamando o município de Cachoeiro
Na época da invasão, o país vivia um clima de tensão nas zonas rurais, com a ação de grupos conhecidos como Ligas Camponesas, lideradas pelo pernambucano Francisco Julião, em constante conflitos - muitos armados - com os grandes latifundiários, que muitas vezes contratavam pistoleiros e jagunços para acabar com as invasões de terra. No caso do conflito na Fazenda Vitória, por se tratar de terras da União, não houve conflitos com fazendeiros. Mas o fato mereceu destaque considerável num jornal ultraconservador como O GLOBO, que fazia uma feroz oposição à política centro-esquerdista do governo de João Goulart, sendo um dos sustentáculos, na mídia, do golpe militar que pôs fim à Democracia no Brasil, dois anos após a invasão.
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