Entre julho e novembro de 1963 - portanto faz exatamente 50 anos - a cidade de Cachoeira teve a sua pacata rotina alterada bruscamente por causa das filmagens de "A Montanha dos Sete Ecos", um longa-metragem da Polígono Filmes, produzido e dirigido pelo jornalista e cineasta português Armando de Miranda (1904-1971). A chegada da equipe de atores, técnicos e dos pesados equipamentos causou um verdadeiro alvoroço, pois além de Cachoeira servir de cenário para a maior parte das cenas, centenas de moradores da cidade serviram como figurantes. O filme, uma produção em preto e branco e bem ao estilo farwest, mostrava a trama de um jovem que, premido pelas circunstâncias, torna-se bandoleiro para vingar a morte do pai, vítima indefesa de um poderoso dono de terras que mantinha em pânico os fazendeiros e pequenos agricultores da interior baiano no início do século.
Embora não fosse ainda um tempo em que as celebridades artísticas fossem conhecidas do grande público - a televisão estava praticamente engatinhando e o cinema brasileiro, mesmo já tendo conquistado grandes e importantes prêmios no exterior, não era muito expressivo em termos de platéia - a presença de "artistas" gravando um filme nas ruas da cidade causou uma forte impressão na comunidade.
Num dos papéis principais estava o ator cearense Milton Moraes (1930-1963), que viria mais tarde a fazer sucesso em outros filmes e em novelas globais. Marcado por um estilo descontraído de atuação, ele se consagrou em papéis como malandro e contraventor do jogo-de-bicho e fez também programas humorísticos como a "Praça da Alegria", em que tocava bumbo e tinha o bordão "Tá bonito, isso ??". Fez o papel principal na novela "O Espigão" e atuou em também em " Bandeira 2", "O Bofe", "Cavalo de Aço", "Escalada", "Saramandaia" (primeira versão), "Espelho Mágico", "Dancin Days", "Cabocla", "Água Viva" e na minissérie "Anos Dourados".
Milton Moraes em "A Montanha dos Sete Ecos" |
Milton Moraes, mais tarde, em novela da Rede Globo |
Cachoeira serviria mais tarde de cenário para outras produções do cinema nacional, como "Tenda dos Milagres (1977), de Nelson Pereira dos Santos, "Delmiro Gouveia" (1978), de Geraldo Sarno, "O Mágico e o Delegado" (1983), de Fernando Coni Campos, além de ter sido utlizada também para gravação de cenas de novelas e minisséries. E, principalmente, já foi palco da Jornada de Cinema da Bahia , do incansável Guido Araújo, e agora com a UFRB e o curso de cinema mostra que sempre teve vocação para brilhar, seja na frente ou por trás das câmeras, na telinha ou na telona.
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