Visão de Cachoeira à época da visita de Dom Pedro II
Na segunda etapa de sua visita a Cachoeira, Dom Pedro II cumpriu um extenso programa que incluiu visitas às principais igrejas da cidade, Hospital São João de Deus da Santa Casa de Misericórdia, uma travessia a canoa pelo Rio Paraguaçu (a ponte Dom Pedro II ainda não existia) indo a São Félix e a Muritiba, antes de seguir para Maragojipe. O ponto alto da visita foi o desfile a cavalo pelas principais ruas da cidade. O imperador vestia a farda de gala de almirante do Império (como chefe de Estado, era o comandante em chefe da Armada e do Exército. A Aeronáutica, obviamente não existia) e foi seguido por um longo séquito. Para quem está acostumado com a figura do Imperador como um velhinho de barbas brancas, cabe lembrar que nessa ocasião Dom Pedro possuía 34 anos. Segundo descrições da época era um homem alto, barba e cabelos louros, olhos azúis e, mesmo em trajes de gala, não se vestia luxuosamente. Procurava saber detalhes da história dos locais que visitava, fosse uma igreja, um hospital, uma escola, uma fábrica ou uma simples plantação. Geralmente fazia doações destinadas a amparar o trabalho social das instituições que conhecia.
À esquerda, parte da casa onde hospedou-se Dom Pedro II, na
Rua de Baixo (atual 13 de Maio)
Rua de Baixo (atual 13 de Maio)
Alguns detalhes dessa narrativa : Dom Pedro II visitou as igrejas da Matriz (Nossa Senhora do Rosário), Conceição do Monte, Rosarinho (chamada aqui pelo seu nome oficial, Rosario do Coração de Maria, no alto do Monte Formoso, que era administrada por uma irmandade de homens negros), Ajuda e a Igreja do Amparo (esta última infelizmente demolida nos anos 50 do século XX) e que ficava atrás do atual prédio dos Correios, que na época era o açougue público. Dom Pedro II visitou ainda a Igreja e o Convento do Carmo , escolas, a cadeia, e duas serrarias, uma no Caquende e outra na Pitanga. A travessia de ida para São Félix foi feita em uma galeota especialmente construída para tal; na volta, com a maré baixa, o Imperador atravessou o rio de canoa, conduzida por quatro "remeiros". Acompanhem a narrativa, feita pelo jornal A CACHOEIRA e reproduzida no livro DIÁRIO DA VIAGEM AO NORTE DO BRASIL, escrito com base nas anotações pessoais do próprio Imperador.
Vejam o relato dessa etapa da visita, a partir do ponto em que a comitiva imperial retorna de Feira de Santana, vindo por São Gonçalo dos Campos. Eles chegam a Cachoeira na noite do dia 7, pela Estrada do Capoeiruçu, passaram pela Rua Formosa, em direção à casa em que Dom Pedro II hospedou-se, no prédio da atual Rua 13 de maio, onde funciona hoje a Fundação Hansen Bahia e parte da Universidade Federal do Recôncavo da bahia (UFRBa).
Lucas Jezler era um suíço, radicado em Cachoeira, que possuía uma serraria em São Félix. Pierre Verger, em "Notícias da Bahia - 1850" (Ed. Corrupio, 1999) cita que "só na serraria do velho Lucas Jezler fabricam-se diariamente 7 a 8 mil caixas, que vão ser utilizadas exclusivamente para o acondicionamento de charutos fabricados em Cachoeira, São Félix, a vizinha Muritiba e outras localidades da redondeza" .
O "416 destinos" faz a seguinte pergunta: seria esta a tal viagem do desaperto no cais de Araújo Pinho, tamarindeirinho...? http://416destinos.blogspot.com/2009/11/rota-do-xixi_09.html
ResponderExcluirCaro Marcos :
ResponderExcluirSim, Marcos: Nas duas postagens anteriores, cito que Dom Pedro II seguiu depois para outras cidades, inclusive Santo Amaro. É a citação que Caetano faz na belíssima "Cinema Transcendental". Ela segue para Santo Amaro no Vapor "Pirajá", que sobe o Rio Subaé e desce no Cais do Tamarindeirinho e só hospeda no solar do Conde de Subaé (Francisco Moreira de Carvalho). O casarão teve a feição arquitetònica modificada para a atual, justamente para hospedar o Imperador. Na época da visita, o ex-governador Araújo Pinho tinha oito anos.