Respondendo a uma consulta feita pela Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira e pelo Padre Francisco Manoel dos Santos, "vigário colado" da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, no ano de 1849, o Arcebispo da Bahia e Cardeal Primaz Dom Romualdo Seixas (1787-1860) esclareceu que o batizado dos "engeitados" (nome que era dado à época às crianças recém-nascidas que eram abandonadas) somente poderiam receber o sacramento do batismo diretamente do sacerdote. A Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira mantinha na sua estrutura uma creche para abrigar essas crianças, dando-lhes alimento, remédio e educação, até que fossem encaminhadas a um lar adotivo e pretendia batizá-las sem a presença de um sacerdote católico. A comunicação do arcebispo foi feita através de ofício, encaminhado ao Padre e à direção da Santa Casa e publicado no jornal O NOTICIADOR CATÓLICO, mantido pela Arquidiocese da Bahia. A leitura do texto permite algumas conclusões, como a de que era muito forte o preconceito contra as "inocentes vítimas do crime", como o arcebispo se refere aos menores abandonados. Na correspondência ao padre, Dom Romualdo esclarece que o batismo é prerrogativa dele mas acena com a possibilidade de que ele transfira eventualmente este poder ao capelão da Santa Casa "mediante as cláusulas que V. S. julgar convenientes para conservação dos seus direitos".
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Dom Romualdo Seixas foi um dos homens públicos mais influentes e habilidosos do seu tempo. Recebeu o título nobiliárquico de Marquês de Santa Cruz e foi eleito deputado. Nessa condição ocupou o cargo de Presidente da Câmara de Deputados. Foi nomeado arcebispo da Bahia por Dom Pedro I e confirmado pelo Papa Leão XII. Como ocupava o cargo de titular da primeira ("primaz") arquidiocese do Brasil, presidiu a solenidade de coroação do Imperador Dom Pedro II. Embora fosse um alto prelado católico, ligou-se à Maçonaria, numa época em que a Igreja Católica combatia essa instituição.
Dom Romualdo Seixas, o 16º Arcebispo da Bahia. |
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