Desenho feito por Lev Smarcevsky do "Santa Maria",
segundo descrição de Caldeira Brant.
Há 190 anos era implantada a navegação a vapor no Brasil, com a autorização dada pelo Rei Dom João VI para que Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta (futuro Marquês de Barbacena) e seus sócios Pedro Rodigues Bandeira e Manoel Bento de Sousa Guimarães construíssem uma embarcação a vapor e explorassem "como privilégio real" a navegação a vapor nos rios e costa da Bahia. O despacho real, assinado no Rio de Janeiro em 3 de agosto de 1818, concedia exclusividade para esse serviço, durante 14 anos. Nascia então o lendário "Vapor de Cachoeira", que este blog homenageia. A viagem inaugural foi realizada em 4 de outubro de 1819.
Felisberto Caldeira Brant Pontes
(clique nas imagens para facilitar a leitura)
Os primeiros tempos foram de muitas dificuldades técnicas. A "machina a vapor" comprada na Inglaterra foi adaptada a uma embarcação construída no Estaleiro da Preguiça, em Salvador. Foram trazidos técnicos ingleses para operar a máquina, que entrou em funcionamento no dia 4 de outubro de 1819. Mas a falta de peças de reposição e de mão de obra especializada em operar um equipamento sofisticado para a época causavam longas paradas.
Os constantes problemas técnicos apresentados pelo "Santa Maria" (nome oficial, logo mudado pelo povo para Vapor de Cachoeira) implicavam em longas paradas. Nesses períodos, o jeito era apelar para os velhos saveiros, que voltavam a ser o único meio de transporte entre a capital da Bahia e o Recôncavo . Anos mais tarde, quando a embarcação original foi destruída durante uma tempestade e se estilhaçou nas imediações da praia de Mont Serrat, em Salvador, o transporte voltou a ser feito pelos saveiros. Somente na década de 1830 o transporte a vapor entre Salvador e Cachoeira foi reativado.
Vem daí a expressão O Vapor de Cachoeira não navega mais no mar complementada, não sem ironia, pelos saveiristas referindo-se à excelência de suas embarcações : "Arriba o pano, toca o búzio, nós queremos navegar". Ao longo dos anos a canção folclórica impôs-se como um dos valores da cultura popular brasileira, tendo sido cantada por várias gerações, sempre com adaptações (ver a primeira postagem desse blog, em julho 2009).
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