sábado, 19 de setembro de 2009

DOM JOÃO VI AUTORIZA CRIAÇÃO DO VAPOR DE CACHOEIRA



Desenho feito por Lev Smarcevsky do "Santa Maria",

segundo descrição de Caldeira Brant.


Há 190 anos era implantada a  navegação a vapor no Brasil, com a autorização dada pelo Rei Dom João VI para que Felisberto Caldeira Brant Pontes de Oliveira Horta (futuro Marquês de Barbacena) e seus sócios Pedro Rodigues Bandeira e Manoel Bento de Sousa Guimarães construíssem  uma embarcação a vapor e explorassem "como privilégio real" a navegação a vapor nos rios e costa da Bahia. O despacho real,  assinado no Rio de Janeiro em 3 de agosto de 1818,  concedia exclusividade para esse serviço, durante 14 anos. Nascia então o lendário "Vapor de Cachoeira", que este blog homenageia. A viagem inaugural foi realizada em 4 de outubro de 1819.



                                                                        Felisberto Caldeira Brant Pontes

O registro foi feito  pelo jornal A Idade do Ouro do Brasil, o segundo publicado no Brasil, editado em Salvador entre 1811 e 1823. 




(clique nas imagens para facilitar a leitura)





Os primeiros tempos foram de muitas dificuldades técnicas. A "machina a vapor" comprada na Inglaterra foi adaptada a uma embarcação construída no Estaleiro da Preguiça,  em Salvador. Foram trazidos técnicos ingleses para operar a máquina,  que entrou em funcionamento  no dia 4 de outubro de 1819. Mas  a falta de peças de reposição e de mão de obra especializada em operar um equipamento sofisticado para a época causavam longas paradas.


Os constantes problemas técnicos apresentados pelo "Santa Maria" (nome oficial, logo mudado pelo povo para Vapor de Cachoeira) implicavam em longas paradas. Nesses períodos, o jeito era apelar para os velhos saveiros, que voltavam a ser o único meio de transporte  entre a capital da Bahia e o Recôncavo . Anos mais tarde, quando a embarcação original foi destruída durante uma tempestade e se estilhaçou nas imediações da praia de Mont Serrat, em  Salvador, o transporte voltou a ser feito pelos saveiros. Somente na década de 1830 o transporte a vapor entre Salvador e Cachoeira foi reativado.

Vem daí a expressão O Vapor de Cachoeira não navega mais no mar  complementada, não sem ironia, pelos  saveiristas referindo-se à excelência de suas embarcações : "Arriba o pano, toca o búzio, nós queremos navegar".  Ao longo dos anos a canção folclórica impôs-se como um dos valores da cultura popular brasileira, tendo sido cantada por várias gerações, sempre com adaptações (ver a primeira postagem desse blog,  em julho 2009).








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