sábado, 5 de setembro de 2009

UM PEDIDO DE AJUDA PARA A FESTA DE SANTA CECÍLIA

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O original deste documento pertence ao acervo pessoal do maestro cachoeirano Manoel Tranquilino Bastos (1850-1935), que fundou em 1870 a Lyra Ceciliana, a segunda filarmônica mais antiga da Bahia. Os organizadores  - entre eles, o próprio Tranquilino - encarregados da festa de Santa Cecília no ano de 1886 em Cachoeira distribuíram o volante pela cidade,  pedindo às pessoas um "óbulo" (esmola)  para  ajudar na realização dos festejos.

E foi ali na sacristia da Igreja do Monte,  e durante uma festa de Santa Cecília, que Tranquilino Bastos  e alguns companheiros criaram a Lyra Ceciliana.

A festa de Santa Cecília, em termos  de organização e animação rivalizava com a da Ajuda. Havia o tríduo religoso e procissão. Na parte profana dos festejos eram realizados o pregão e o desfile  de mascarados pelas ruas de Cachoeira, sempre em clima carnavalesco, com mascarados, mandus e cabeçorras.




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Ladeira e Igreja do Monte (Desenho de Tom Maia) 


Santa Cecília é a Padroeira dos Músicos e foi invocada pelos fundadores  da Euterpe Cecciliana (o primeiro nome da atual Sociedade Orphéica Lyra Ceciliana) para ser a madrinha, dando o nome da filarmônica. Santa Cecília era cultuada com fervor pelos adeptos da Lyra enquanto os partidários da Minerva (a outra filarmônica de Cachoeira, fundada em 1878) festejavam Nossa Senhora da Ajuda, cuja festa chegou aos nossos dias com o mesmo brilhantismo do passado. A de Santa Cecília ainda é comemorada graças a alguns abnegados cachoeiranos, mas sem o mesmo apelo, mobilização, divulgação e patrocínios que a da Ajuda consegue atrair.

A lendária rivalidade entre a Lyra e a Minerva em Cachoeira nasceu também dessas duas comemoraçoes, além da disputa entre  as lideranças políticas da cidade. Adeptos de uma e de outra esforçavam-se em manter a tradição. Brigavam, mas na hora de comemorar suas padroeiras caíam no samba e na chula...


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Quem conta essa história direitinho é o historiador Cacau Nascimento em "A Capela da Ajuda já o sinal - Relações de Poder e Religiosidade em Cachoeira" (CEAO : UFBA, 1995).

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