Numa época em que os praticantes do candomblé eram perseguidos pela polícia, que invadia os terreiros e prendia pais e mães de santo, o maestro cachoeirano Manoel Tranquilino Bastos (1850-1935), que era espírita mas um ardoroso defensor da liberdade religiosa, escreveu este artigo, no início da década de 30, em "O Pequeno Jornal", da cidade de Cachoeira.
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"Acatar e respeitar as funções destes crentes, com a solemnidade de suas dansas, cantos, etc, é o dever dos que cultivam e prezam a tolerância e o respeito às crenças alheias tanto quanto as próprias."
Tranquilino demonstra neste e em outros artigos toda a dimensão humanista do seu pensamento.
"Palestras" era o título da coluna que Tranquilino mantinha no semanário de Epiphânio Conceição ("Epiphânio Fogoso"), jornalista e editor cachoeirano. Abaixo do título está escrito Das Minhas Percepções, título do livro que o próprio Tranquilino pretendia publicar, mostrando suas concepções sobre temas diversos: os costumes, religião, espiritismo, a música, o respeito à Natureza, a solidariedade, a homeopatia, o vegetarianismo, o antimilitarismo, a paz, etc. Os textos eram escritos em cadernos e semanalmente Tranquilino Bastos publicava-os como artigos assinados. A colaboração dele em O Pequeno Jornal durou até a morte, em 1935
Praticante da homeopatia, adepto do vegetarianismo e líder espírita, o músico cachoeirano era um pacifista nato e combateu de maneira veemente a escravidão, tanto que na noite de 13 de Maio de 1888 saiu às ruas de Cachoeira conduzindo a filarmônica Euterpe Ceciliana (primeiro nome da atual Lyra Ceciliana), que ele fundou em 1870.
Esta "Airosa Passeata" (nome que ele daria mais tarde a uma de suas composições, evocando aquele momento histórico) foi a comemoração dos cachoeiranos pela abolição da escravatura. Este ritual é cultivado pela Lyra Ceciliana a cada 13 de Maio, há 139 anos.
Fantástico,Jorginho,saber que esse notável cachoeirano,há muito tempo defendia a tolerância religiosa.Realmente,precisamos conhecer mais a vida e a obra desse magnífico compositor. Parabéns pelo seu trabalho em favor do resgate verdadeiro dos fatos e da memória afetiva.
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