terça-feira, 4 de maio de 2010

TRANQUILINO BASTOS DEFENDE O CANDOMBLÉ E A LIBERDADE RELIGIOSA

Numa época em que os praticantes do candomblé eram perseguidos pela polícia, que invadia os terreiros e prendia pais e mães de santo, o maestro cachoeirano Manoel Tranquilino Bastos (1850-1935), que era espírita mas um ardoroso defensor da liberdade religiosa, escreveu  este artigo, no início da década de 30,  em "O Pequeno Jornal",  da cidade de Cachoeira.

    (clique na imagem para facilitar a leitura)


"Acatar e respeitar as funções destes crentes, com a solemnidade de suas dansas, cantos, etc, é o dever dos que cultivam e prezam a tolerância e o respeito às crenças alheias tanto quanto as próprias."

Tranquilino demonstra neste e em outros artigos toda a dimensão humanista do seu pensamento.

 
  
"Palestras" era o título da coluna que Tranquilino mantinha no  semanário de Epiphânio Conceição ("Epiphânio Fogoso"), jornalista e editor cachoeirano. Abaixo do título está escrito Das Minhas Percepções, título do livro que o próprio Tranquilino pretendia publicar,  mostrando suas concepções sobre temas diversos: os costumes, religião, espiritismo, a música, o respeito à Natureza, a solidariedade, a homeopatia, o vegetarianismo, o antimilitarismo, a paz, etc. Os textos eram escritos em cadernos e semanalmente Tranquilino Bastos publicava-os como artigos assinados. A colaboração dele em O Pequeno Jornal  durou até a morte, em 1935
 
Praticante da homeopatia,  adepto do vegetarianismo e líder espírita, o músico cachoeirano era um pacifista nato e combateu de maneira veemente a escravidão, tanto que na noite de 13 de Maio de 1888 saiu às ruas de Cachoeira conduzindo a  filarmônica Euterpe  Ceciliana (primeiro nome da atual Lyra Ceciliana), que ele fundou em 1870.  

Esta "Airosa Passeata"  (nome que ele daria mais tarde a uma de suas composições,  evocando aquele momento histórico) foi a comemoração dos cachoeiranos pela abolição da escravatura.  Este ritual  é cultivado pela Lyra Ceciliana  a cada 13 de Maio, há 139 anos.

Um comentário:

  1. Fantástico,Jorginho,saber que esse notável cachoeirano,há muito tempo defendia a tolerância religiosa.Realmente,precisamos conhecer mais a vida e a obra desse magnífico compositor. Parabéns pelo seu trabalho em favor do resgate verdadeiro dos fatos e da memória afetiva.

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