sexta-feira, 11 de junho de 2010

A FESTA DO PAU DA BANDEIRA E OUTRAS NOTÍCIAS NO ANO DO CENTENÁRIO DO 25 DE JUNHO

 No último dia 1º de Junho foi realizada em Cachoeira a cerimônia  do Pau da Bandeira,  que abre na cidade os festejos da Independência do Brasil. É um ritual  em que  os cachoeiranos  levam  aos bairros do Caquende e da Ponta da Calçada,  troncos de madeira  que são  fincados no chão, representando os marcos da cidade no ano de 1822.  Em clima de festa  o povo e autoridades abrem assim a programação dos festejos, que tem seu auge no dia 25 de Junho, data magna com que os cachoeiranos relembram com orgulho a epopéia de 1822,  quando foi iníciada a luta armada pela Independência do Brasil. Naquele dia uma embarcação portuguesa, equipada com um canhão, bombardeou a então Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, logo após o Senado da Câmara aclamar o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara como "Defensor Perpétuo do Brasil",  jurando-lhe obediência  e exortando-o a libertar o Brasil de Portugal.  O ataque português causou mortos e feridos e os cachoeiranos enfurecidos tomaram a embarcação e prenderam a tripulação. Estava iniciada a guerra pela Independência do Brasil, três meses antes de sua proclamação em 7 de Setembro, que só terminaria  com a expulsão definitiva dos portugueses e a entrada do Exército Libertador na capital sitiada, no dia 2 de Julho de 1823.

Vejamos como a expectativa da festa do Pau da Bandeira foi noticiada na primeira página pelo jornal cachoeirano " A Ordem", edição de 31 de maio de 1922. O post permite também uma espécie de passeio no tempo, com  o registro de fatos diversos do interesse da comunidade e do PDR , partido político que tinha em seus quadros o jornalista Durval Chagas,   proprietário do jornal e  uma das principais lideranças políticas de Cachoeira.  O partido indica os nomes de Luiz Leciague Régis e Cunegundes Barreto (que mais tarde  viria  a ser prefeito) para concorrer a  dois cargos , que estavam vagos, de vereador.  Bem à moda da época, o jornal  publica um mini-conto do jornalista e advogado Carlito Onofre , que demonstra seus dotes literários. Mereceu destaque na primeira página a  noticia da  filiação  do jornalista e intelectual cachoeirano Augusto de Azevedo Luz ao Instituto Geográfico de Histórico da Bahia (IGHBa). Demonstrando a  diversidade de assuntos da região, " A ORDEM"  relata a prisão das pessoas responsáveis pela morte de um coronel, na cidade de Castro Alves. Na  reportagem são citados os nomes de Rafael Jambeiro e Marcionílio Souza,  destacadas lideranças políticas do interior baiano na  época  e  que hoje são nomes de municípios. E também uma interessante notícia  sobre as reformas urbanas na cidade, com a derrubada de velhos tamarineiros na Praça dos Arcos (atual Praça  Teixeira de Freitas) entre o Hotel Colombo e o antigo Bar "O Guarany".  A derrubada de árvores centenárias  foi apoiada pelo jornal, que ironiza a tradição de,  sob a sombra dos velhos tamarineiros, os "nosssos avós "  tomarem o "aloázinho de Ogu" (sic).
Em tempo: "aluás" eram refrescos vendidos por escravos nas ruas das cidades e vilas coloniais. O sumo das frutas era misturado à agua e apresentava um aspecto sujo, por serem mantidos horas a fios, muitas vezes sob o sol, em vasilhas de barro. Depreciativamente  eram associados ao orixá africano.
E  uma curiosidade: naquele tempo, o prefeito era conhecido como o governador da cidade.  Quem governava Cachoeira em 1922  era o médico Inocêncio Boaventura.


(clique na imagem se quiser facilitar a leitura) 







Um comentário:

  1. Muito interessante,bastante mesmo,lendo o jornal de 1922,ainda posso constatar ,ainda bem, o mesmo entusiasmo e espírito patriótico dos Cachoeiranos nas comemorações do 25 de junho."Ainda existe e ferve em nós",como bem diz o Hino.

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