sexta-feira, 25 de junho de 2010

FESTA DA BOA MORTE, UM PATRIMÕNIO IMATERIAL DA BAHIA


 A festa religiosa foi tombada como
Patrimônio Imatterial da Bahia
 
No início do século XIX mulheres negras e ex-escravas se uniram para ajudar escravos a conseguir a liberdade. Em torno da fé em Nossa Senhora, criaram uma confraria católica, a Irmandade da Boa Morte, que saiu de Salvador e foi se instalar na cidade de Cachoeira, por volta de 1820. Desde então, todos os anos, as irmãs promovem uma festa que mistura elementos do catolicismo e do candomblé e é considerada uma das mais importantes manifestações culturais da Bahia.

Agora, essa história de luta e devoção foi transformada em patrimônio imaterial da Bahia. O decreto de reconhecimento foi assinado pelo governador Jaques Wagner, nesta sexta-feira (25), durante sessão solene na Câmara Municipal de Cachoeira. Ele inclui a Festa da Boa Morte no Livro de Registro Especial de Eventos e Celebrações.

O decreto foi assinado pelo 
governador Jaques Wagner em Cachoeira


“Essas mulheres lutaram e são um exemplo. Esse é um reconhecimento mais do que merecido. Espero que, com ele, a gente possa fortalecer ainda mais a tradição e manter viva a festa”, disse Wagner. O reconhecimento é uma salvaguarda à manifestação cultural afrocatólica, que passa a ter a proteção e o incentivo do Estado e da sociedade civil organizada. Uma garantia de que a tradição vai permanecer viva da mesma forma como é realizada atualmente.

Divulgação 

Entre os benefícios diretos do tombamento está a prioridade para a concessão de financiamentos públicos e privados. O diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC), Frederico Mendonça, explica que o registro já prevê a realização de ações de salvaguarda, como a publicação de um livro e um vídeo documentário sobre a festa; a elaboração de um projeto de um memorial da Boa Morte; além de estudos para a criação de atividades que gerem renda para as mulheres envolvidas na tradição.

“Nós só valorizamos aquilo que conhecemos, por isso vamos divulgar a Boa Morte por meio do livro e do DVD. Também já licitamos o projeto de um memorial, além de todo o benefício que o reconhecimento já traz, dando credibilidade e criando uma espécie de marca cultural”. Antes do registro, o IPAC realizou estudos técnicos e elaborou um dossiê. O trabalho, que durou um ano, resultou no documento que foi aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC).

Além da Festa da Irmandade da Boa Morte, são considerados patrimônios imateriais da Bahia o ofício da baiana de acarajé, a roda de capoeira, o ofício dos mestres de capoeira, o samba de roda do Recôncavo, o carnaval de Maragogipe e a festa de Santa Bárbara. Atualmente está em processo de reconhecimento o desfile dos afoxés no carnaval de Salvador.

25 jun 2010




Um comentário:

  1. Já não era sem tempo,a Irmandade precisa realmente de salguardar seu rito e suas crenças,diante das abordagens predadoras de outras religiões,que tentam de todas as maneiras,destruir a cultura,em nome de um deus.

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