Para Joaquim Nabuco o papel de André Rebouças foi fundamental na luta aboliconista: "Ele foi o maior" |
Uma das figuras centrais da luta contra a escravidão no Brasil é o pernambucano JOAQUIM NABUCO (1849-1910), parlamentar, diplomata e escritor, que em suas obras e memórias destaca as principais personalidades do seu tempo envolvidas na luta abolicionista. Em "Minha Formação", um livro clássico no qual Joaquim Nabuco faz um histórico da causa que o levou a se transformar numa das mais personalidades mais proeminentes da história brasileira, ele dedica um longo trecho ao engenheiro e empresário ANDRÉ REBOUÇAS, nascido em Cachoeira no ano de 1883, com quem manteve uma longa amizade. A admiração de Joaquim Nabuco por seu amigo e companheiro de lutas leva-o a considerá-lo como uma espécie de "cérebro" do movimento. Enquanto ele e outros abolicionistas de destaque como José do Patrocínio travavam "combates" na tribuna parlamentar, na imprensa e em comícios de rua, André Rebouças atuava nos bastidores, planejando e organizando ações e elaborando projetos para, após a abolição, incluir a população negra na sociedade brasileira. André Rebouças entendia que a abolição pura e simples, sem uma distribuição de terras e sementes (reforma agrária) para garantir trabalho aos libertos e sem escolas (ensino público e gratuito) para os filhos dos ex-escravos, iria significar a perpetuação da miséria no Brasil. Ele defendia também que os ex-escravos é quem deveriam ser indenizados e não os fazendeiros.
Para André Rebouças a abolição teria de ser da escravatura e também da miséria |
Ao citar em seu livro de memórias os principais líderes da campanha abolicionista Joaquim Nabuco exalta o papel de André Rebouças:
Revoltado com a deposição e o banimento de Dom Pedro II, André Rebouças o acompanha, por iniciativa própria, ao exílio, embarcando com toda a família imperial no navio "Alagoas" em 17 de novembro de 1889. Na Europa, André Rebouças trabalha como jornalista (escreveu artigos remunerados para o jornal inglês The Times) e mantém permanente contato com o ex-imperador, como consta dessa carta, referida por Joaquim Nabuco.
As ligações de afeto entre Dom Pedro II os irmãos Rebouças (André e Antonio, ambos engenheiros) tinha raízes familiares. O pai deles, o advogado Antonio Rebouças, tinha sido deputado e uma espécie de leader do monarca no Parlamento.
Ao se engajar na luta abolicionista André Rebouças formulou diversas ações para a fuga de escravos. Como a descrita abaixo em que traça um plano mirabolante para levar escravos retirados das fazendas de café de São Paulo para o Estado do Ceará, província do Norte, (o conceito de "Nordeste" não existia à época) que já havia libertado todos os escravos desde 1884.
O idealismo de André Rebouças, seu empenho pessoal e seu total ngajamento na campanha anti-escravagista são valores destacados neste perfil traçado por Joaquim Nabuco.
Após uma temporada na Europa, André Rebouças seguir para a África. Passou algum tempo em Angola e depois foi para a Ilha da Madeira, onde morreu em 1898. Seu corpo apareceu na base de um penhasco à beira-mar, na cidade de Funchal. Acredita-se que a depressão causada pelo longo exílio o tenha levado ao suicídio. Outra versão é de que a morte tenha sido acidental, causada pela queda do alto do despenhadeiro.
Pesquise neste blog outra postagem sobre o cachoeirano André Rebouças :
http://vapordecachoeira.blogspot.com/2009/11/o-cachoeirano-que-pregou-o-fim-da.html
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