Um dos nomes mais expressivos e destacados da história do jornalismo brasileiro é o de MANOEL PAULO FILHO (1890-1969), que veio a ser inclusive presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no biênio 1928-1929. Nascido em Cachoeira (1890) era filho do comerciante Manoel Paulo Teles de Mattos, um dos principais líderes abolicionistas da região e signatário da ata da histórica sessão solene realizada pelo Montepio dos Artistas Cachoeiranos para comemorar a assinatura da Lei Áurea, na noite de 13 de maio de 1888.
Após se formar pela Faculdade Livre de Direito da Bahia e exercer por breve tempo a carreira de promotor público em comarcas do interior da Bahia, MANOEL PAULO FILHO foi para o Rio de Janeiro em 1911 onde iniciou a carreira jornalística, tendo sido durante muitos anos Redator-Chefe do "Correio da Manhã", um dos principais jornais brasileiros à época. Nele, usando o pseudônimo de João Paraguaçu - nome escolhido segundo ele próprio para evocar a sua cidade natal, banhada pelo Rio Paraguaçu - manteve uma coluna literária na qual relatava a sua convivência com grandes nomes da literatura brasileira e também do Direito e da política.
Perfil de MANOEL PAULO FILHO foi traçado por Antonio Loureiro em "Notícia Histórica da Cachoeira" |
Mesmo morando no Rio de Janeiro, MANOEL PAULO FILHO foi eleito pela Bahia para integrar a Assembléia Nacional Constituinte em 1934, na coligação liderada pelo interventor Juracy Magalhães. O seu prestígio era tanto que seu nome, inclusive, já tinha sido cotado para exercer este cargo logo após a Revolução de 1930. Mas foi no jornalismo e na literatura que ele mais se consagrou. Reconhecido como um talentoso escritor, convivia diretamente com grandes nomes da literatura brasileira, e integrou a Academia Carioca de Letras. Seus textos eram publicados em diversos jornais brasileiros. Tinha atenção especial para com a Bahia, colaborando com vários jornais de sua terra especialmente o cachoeirano A ORDEM, onde tinha muitos amigos e admiradores. Seus artigos e crônicas tratavam de política mas principalmente do universo cultural brasileiro, notadamente sua convivência com os políticos, juristas e literatos de seu tempo. Eis um de seus artigos, onde pode ser constatada a leveza do texto e o adequado manejo das palavras para retratar os sentimentos que queria expressar e transmitir aos leitores:
(clique na imagem para facilitar a leitura)
Artigo de "João Paraguaçu publicado em O IMPARCIAL, de Salvador |
Cachoeira o homenageou dando o nome dele à rua onde nasceu, a antiga Rua do Alambique, uma importante artéria da cidade, que liga a Rua 13 de Maio à orla do Rio Paraguaçu, nome que ele imortalizou na literatura e no jornalismo brasileiros. Um de seus livros mais conhecidos é justamente "Memórias de João Paraguaçu".
Pois bem,sempre tive curiosidade em saber quem foi Manoel Paulo Filho,por preguiça ou contingências nunca o fiz,fiquei bastante satisfeito com essa matéria,a qual me deu uma compreensão desse personagem,ilustre e pouco revelado.Parabéns mais uma vez,pela perspicácia e zelo no trato com os fatos históricos de nossa terra.
ResponderExcluirRaimundo :
ResponderExcluirMuito obrigado. Esse é justamente o objetivo maior deste modesto blog. Trazer à luz do presente fatos e personagens da história e da cultura de Cachoeira.Temos um rico acervo de fatos relevantes e uma extensa galeria de figuras que, em seu tempo, contribuíram para Cachoeira se tornar esta cidade em que a história e a cultura se entrelaçam através do tempo.
Prezado Jorginho, seu blog é uma das melhores referências sobre M. Paulo Filho que encontrei na internet. Sou estudante do mestrado em Literatura da UEFS e estudo a produção de João Paraguaçu nO Imparcial. Gostei muito da representatividade de M. Paulo Filho para as letras e a cultura da Bahia, identifiquei-me com o trabalho dele e estou adorando realizar a pesquisa. Estarei realizando estudos em Cachoeira brevemente. Já é hora de trazer à luz da Bahia que sempre a fez brilhar fora dela. Parabéns pelo blog e pela postagem.
ResponderExcluirJorginho adorei o seu blog pois assim tive a possibilidade de saber mais sobre a historia do meu Avô, pois a minha avó não gosta de falar muito sobre o assunto mas ela trabalhou com ele por muitos anos (ate o seu falecimento), quando ele faleceu o meu pai tinha 11 anos e tambem não conhecia a historia do proprio pai e ele adorou e tambem gostaria de saber mais a respeito sobre a biografia dele. Se você tiver mais dados gostaria de saber o meu email marcelobfranco@yahoo.com.br
ResponderExcluir