domingo, 11 de setembro de 2011

UMA VISITA AOS ENCANTOS DE CACHOEIRA NO DOMINGO DA FESTA DA BOA MORTE EM 1961

Em 15 de agosto de 1961 Cachoeira recebeu a visita de um grupo de jornalistas, escritores e intelectuais baianos interessados em conhecer a beleza de seus monumentos e  a riqueza de seu folclore que na época já chamavam a atenção das autoridades da área cultural e do então nascente setor de turismo da Bahia. A visita foi relatada na excelente crônica Cachoeira, a Bela publicada em A TARDE.

Crônica foi publicada em A TARDE, edição de 6 de agosto de 1961
 O autor da crônica é Carlos Vasconcelos Maia (1923-1988), um dos expoentes do Modernismo na Bahia, que na época ocupava o cargo de Superintendente do Departamento de Turismo de Salvador. Ele é considerado um dos maiores contistas da Bahia e integrou uma geração de notáveis intelectuais que renovou a cultura, através de suas criações, entre os anos 40 e 50. Vasconcelos Maia se destacou como um autor que retraçou, em belas imagens literárias,  os diversos ambientes geográficos e humanos da Bahia: o agreste, o urbano e o litoral, enfocando aspectos psicológicos e culturais, como o misticismo afro-baiano.

Vasconcelos Maia encantou-se com Cachoeira
A crônica mostra o impressionante efeito que a cidade causou aos visitantes, que ficaram encantados com a paisagem de ruas, becos e praças, o casario em estilo colonial, o belíssimo patrimônio arquitetônico e a visão magnífica que tiveram da orla do Rio Paraguaçu. O belo texto exalta a simpatia dos cachoeiranos, que acolheram os visitantes com "fidalguia". O prefeito na época era Julião Gomes dos Santos e a cidade ainda apresentava os efeitos cruéis da grande enchente occorrida no ano anterior. Vasconcelos Maia critica, ainda que de maneira elegante, a descaracterização da fachada de alguns imóveis, que trocavam a feição colonial por "platibandas".   
O encantamento alcançou  seu ápice quando os visitantes viram, naquele domingo 15 de agosto, o cortejo das negras anciãs, que compõem a Irmandade da Boa Morte, com seu garbo congênito e dignidade indefinível, na celebração da Festa de Nossa Senhora da Glória. 

No traço de Caribé, a Festa da Boa Morte em Cachoeira

  

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