domingo, 11 de dezembro de 2011

ANNA NERY: UMA CACHOEIRANA NO LIVRO DOS HERÓIS DA PÁTRIA


Ana Nery no campo de batalha, retratada por Vítor Meirelles.  O quadro está na Câmara Municipal de Salvador
Há 197 anos, no dia 13 de dezembro de 1814, nascia em Cachoeira (BA) Anna Nery, a "Mãe dos Brasileiros" como ficou conhecida essa brava mulher, que não hesitou em servir aos filhos, à Pátria e à humanidade, indo como voluntária para a Guerra do Paraguai (1864-1970), servir como enfermeira.  Ela notabilizou-se pelo extremo zelo e dedicação que aplicava no tratamento aos milhares de feridos que recebia nos acampamentos que improvisava nos campos de batalha. Consta que após uma das batalhas, viu o cadáver de um dos filhos. Enterrou-o, orou por ele e superou a dor cuidando dos demais feridos. É, por suas ações humanitárias, considerada a "Patrona da Enfermagem" no Brasil e seu nome está  inscrito, desde 2009, no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.

Neste sobrado (primeiro à direita) da Rua da Matriz,  em Cachoeira, nasceu Anna Nery
História :
Ana Justina Ferreira Nery foi a primeira enfermeira do Brasil e nasceu na então Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira. Casou-se aos 23 anos com Isidoro Antônio Néri, capitão-de-fragata da Marinha e que estava sempre no mar. Dessa forma, Ana acostumou-se a ter a casa sob sua responsabilidade. Ficou viúva aos 29 anos, com os filhos Justiniano, Isidoro e Pedro Antônio para cuidar. Os dois primeiros tornaram-se médicos e o último, militar. Em 1864, o Brasil, a Argentina e o Uruguai formaram a Tríplice Aliança  para lutar contra o Paraguai, numa guerra fraticida. Os filhos de Ana Nery foram convocados. Sensibilizada com a dor da separação, no dia 8 de agosto ela escreveu ao presidente da província oferecendo-se para cuidar dos feridos de guerra enquanto o conflito durasse. Deixa a Bahia, pela primeira vez na vida, e vai auxiliar o corpo de saúde do Exército. No Rio Grande do Sul aprendeu noções de enfermagem com as irmãs de caridade de São Vicente de Paulo e segue para o campo de batalhas. Trabalhou no hospital de Corrientes, onde contou com a ajuda de poucas freiras vicentinas para cuidar de mais de 6 mil soldados internados. Partiu algum tempo depois, atuando em Salto, Humaitá, Curupaiti e Assunção. Apesar da precariedade das condições de trabalho, como a falta de higiene, de recursos e de materiais, e do excesso de doentes, Ana Nery chamou a atenção por seu trabalho como enfermeira dedicada pelas várias regiões por onde passou. Com recursos próprios, herdados de família, Ana montou uma enfermaria-modelo em Assunción, capital paraguaia sitiada pelo exército brasileiro. Atendia indistintamente a todos, fossem brasileiros ou paraguaios. Ao final da guerra, em 1870, Ana Nery voltou ao Brasil  trazendo para criar seis meninas órfãs de guerra, filhas de soldados brasileiros e paraguaios. Foi homenageada pelo Governo Imperial com o título de "Mãe dos Brasileiros" e D. Pedro II, por decreto, lhe concedeu uma medalha e uma pensão vitalícia. Faleceu no Rio de Janeiro em 20 de maio de 1880. Carlos Chagas batizou com o nome de Ana Néry, a primeira escola oficial brasileira de enfermagem de alto padrão, em 1926.

Selo que homenageia  "A Mãe dos Brasileiros"




2 comentários:

  1. Excelente,pena que sua cidade natal ainda não tenha lhe dado um respeito devido,não há um memorial dedicado à heróina,a urna onde está depositada seus restos mortais se encontra aonde ? É tudo nebuloso.Anna Néri merece mais respeito e admiração por parte dos cachoeiranos e o poder público precisa reparar urgentemente isto.IAENE tem uma escola de enfermagem,porque não criar um museu dedicado à história da enfermagem e por consequência à história da heroína patrona da classe ? Sei que Salvador já tem um,mas aqui precisaria ter alguma coisa que evocasse a mãe dos brasileiros e não apenas o nome de rua ou nome do centro de atenção psicossocial(CAPS) ,é muito pouco.

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  2. Relmente, você tem toda razão. Falta em Cachoeira uma homenagem à altura da grandeza de Anna Nery. A própria casa onde ela nasceu tem uso indevido - uma repartição pública que nada tem a ver - deveria abrigar um memorial, o poder público (Prefeitura, Câmara ...) deveria zelar mais por sua memória e articular com o governo estadual, o Conselho (tanto o estadual quanto o federal) de Enfermagem e a Santa Casa para prestarem uma justa homenagem a essa cidadã da História.

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