sexta-feira, 10 de agosto de 2012

UM DIA NA VIDA DE CACHOEIRA NO ANO DE 1878

A leitura de jornais antigos permite a todos acompanhar o cotidiano de outras épocas. Fatos e acontecimentos, por mais fortuitos que pareçam, noticiados por essas fontes de pesquisa revelam costumes e comportamentos de uma determinada comunidade naquele contexto histórico. É o que alguns especialistas chamam de micro-história. A análise desses relatos permite a compreensão da época enfocada, diante da qual podem ser tiradas as mais diversas conclusões e feitas comparações com outras épocas, para mostrar a evolução, ou involução,através do tempo. É por isto que este blog se destina a trazer à luz do presente fatos ligados à história de Cachoeira para a contemplação e conhecimento dos visitantes deste espaço.
Clicando na imagem (para facilitar a leitura) tomemos então conhecimento da edição de 15 de maio de 1878 do jornal O GUARANY, que traz algumas notícias interessantes. São episódios policiais e queixas contra o comportamento considerado escandaloso de duas mulheres na Praça da Regeneração (atual Praça Dr. Milton)provocando outra, que tinha o curioso nome de "Malefício". E também a notícia da apreensão, pela Polícia, de 32 escravos originários de Pernambuco e do Piauí, que eram conduzidos sem documentação (e portanto, ilegalmente) para a Capital (Salvador). O delegado aguardava orientação do Presidente (governador) da Província sobre o destino a ser dado aos escravos.Por fim, uma queixa e um pedido de providências à Polícia contra um "samba", ou batuque de negros na linguagem da época, na Rua do Cemitério (ou Rua dos Currais Velhos, um núcleo urbano habitado essencialmente por negros) que entrou madrugada adentro no fim de semana anterior. O som rítmico e frenético de pandeiros, timbalis, chocalhos, rebecas e violas, se por um lado incomodou a alguns, deve ter proporcionado muitas alegrias e momentos de deleite a um grande contingente da população escrava de Cachoeira. A notícia aponta para mais uma evidência de que o "samba nasceu na Bahia...". E no Recôncavo, pois a palavra é uma derivação do ritmo "semba" de Angola, origem da maior parte dos escravos trazidos para trabalhar nas lavouras e nos engenhos de açúcar desta região da Bahia.

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