domingo, 22 de abril de 2012

EMPRESÁRIOS CACHOEIRANOS CRIAM FÁBRICA DE TECIDOS

Em 15 de maio de 1877 um grupo de "homens de negócios" - como os empresários eram chamados à época - de Cachoeira reuniu-se com um empresário de Salvador  para criar a Companhia de Productos Texteis São Carlos do Paraguaçu, a primeira indústria do gênero no Recôncavo. A fábrica ficava situada à beira do Rio Paraguaçu, após a desembocadura do Rio Caquende, um dos seus afluentes, na localidade conhecida como Tororó. Anos mais tarde a empresa mudou de nome e de donos e representou durante muito tempo uma das principais geradores de empregos e de renda de Cachoeira. A criação da empresa foi  noticiada pela imprensa cachoierana e reproduzida pelo jornal Correio da Bahia, de Salvador, em sua edição de 2 de maio daquele ano.
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A reunião aconteceu na casa de Domingos Gonçalves de Oliveira  e teve a participação de Francisco Álvares dos Santos Souza, Albino José Milhazes, Vicente Vieira de Farias, Joaquim Pacheco de Miranda e Joaquim Martins de Oliveira. Eles já eram sócios da firma Moreira, Souza, Oliveira & Cia, que na ocasião foi convertida em sociedade anônima, com a entrada do noivo sócio José Pinto da Silva Moreira,  o único que morava na capital da província da Bahia. Eles acertaram a composição da nova empresa, que já havia sido aprovada pelo governo imperial, através do decreto 3.974, de 30 de novembro de 1876.

 (texto destacado da edição do Correio da Bahia 02/05/1877)



sexta-feira, 20 de abril de 2012

CACHOEIRA NO TEMPO DOS SAVEIROS

Eis a página de das edições da revista "VIVER BAHIA", editada pela Bahiatursa na década de 70 para divulgar as belezas e  atrativos da Bahia.  A foto é mais antiga, do acervo da empresa, e mostra um saveiro deslizando pelas águas calmas do Paraguaçu, tendo ao fundo a bela paisagem de São Félix. O registro é uma pálida lembrança dos áureos tempos em que os saveiros dominavam a paisagem da Baía de Todos os Santos, transportando mercadorias das cidades do interior do Recôncavo para a capital. Durante três séculos eles foram o principal meio de transporte comercial, servindo para abastecer Salvador  da produção do interior: o açúcar produzido nos engenhos, e da capital exportado para a Europa - assim como o fumo  -, a farinha, frutas, legumes e toda a produção agrícola, além de telhas, tijolos, objetos de cerâmica e artigos de couro.
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quarta-feira, 4 de abril de 2012

PRESIDENTE AUTORIZA IRMANDADE DA AJUDA A CRIAR LOTERIAS PARA CUSTEAR SUA MANUTENÇÃO

Em 22 de maio de 1872 o então Presidente da Província da Bahia, João Antonio de Araújo Freitas Henrique, sancionou uma lei aprovada pela Assembleia Provincial, autorizando a Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda a criar loterias destinadas a arrecadar recursos para sua manutenção.  O ato oficial foi publicado no jornal "Correio da Bahia", em sua edição de 5 de junho daquele ano. A Irmandade da Ajuda é uma das mais antigas de Cachoeira, tendo sido criada em 1818, e até hoje mantém-se em plena atividade. 

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Já a Capela de Nossa Senhora da Ajuda, onde  a irmandade está sediada até hoje, é a construção mais antiga de Cachoeira, sendo datada do início do Século XVII.  Em torno da Capela - erguida para o culto a Nossa Senhora do Rosário - e do engenho de açúcar da família Adorno foi criado o povoado que deu origem à Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, criada em 1698. Mais tarde, com a construção da nova Igreja Matriz de Cachoeira, a capela foi dedicada ao culto a  Nossa Senhora da Ajuda e ali nasceram a própria irmandade e o ensino da música em Cachoeira, de que resultou a  Orquestra  da Ajuda, origem das primeiras filarmônicas do interior da Bahia. 
 A história da Capela da Ajuda é citada no livro "O SEMEADOR DE ORQUESTRAS - História de um Maestro Abolicionista", de Jorge Ramos. Transcrevemos a seguir o trecho onde é feita a referência à criação da Irmandade da Ajuda. O autor fala anteriormente dos métodos da catequisação feita pelos jesuítas, que utilizavam instrumentos musicais para se aproximar dos índios e impor a fé cristã.
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domingo, 1 de abril de 2012

"CORREIO DA BAHIA" DIVULGA PROPOSTAS PARA SERVIÇOS DE ILUMINAÇÃO E ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM CACHOEIRA

Quando se fala em privatização dos serviços públicos sempre há muita celeuma. Há quem defenda, por exemplo, que o poder  público não deveria "privatizar",  ou  seja, repassar à inicitiva privada  a implantação, construção e/ou administração de determinados serviços que,  por natureza,  deveriam ser públicos. Outros entendem que cabe, sim, à iniciativa privada essa tarefa, cabendo ao Estado  a tarefa de regulamentar, fiscalizar e acompanhar a execução das atividades. O argumento principal é que o Estado, por suas múltiplas funções e tarefas, deve, mediante a adoção do sistema de concessão pública, repassar determinados serviços. Essa é a ideia predominante atualmente, simbolizada pela Parceria Público Privada (PPP), quando são fixados limites e regras para o trabalho conjunto e societário entre o poder público e o empresariado para determinados projetos, notadamente obras de infra-estrutura. Pesa a favor dela, a incapacidade de o Estado fazer investimentos financeiros de grande porte, quando existem muitas áreas carentes (saúde, educação,segurança...) onde, de fato, há necessidade de uma maior presença estatal. Essa ideia de parceria, porém, não é nova, como pode ser comprovado pela leitura da edição do jornal Correio da Bahia, de 24 de abril de 1872. 


Na parte referente ao noticiário sobre a Assembleía Provincial (o equivalente à atual Assembleia Legislativa) há o registro de que na sessão de 2 de abril daquele ano foram discutidos, entre outros, diversos pedidos particulares para implantação e exploração de serviços de iluminação pública e de abastecimento de água para a cidade de  Cachoeira e as freguesias (ainda não eram cidades) de São Félix e Muritiba. Num deles, o cidadão propõe-se a abastecer, por meio de chafarizes, "água potável" para a população de Cachoeira,  durante "50  anos", mediante um contrato de "150 mil contos de réis". Outro pedido propõe o mesmo serviço, sem ônus para a Província !. O que significa que o cidadão esperava a privatização, e o monopólio,  completa do serviço de abastecimento de água em Cachoeira. As propostas foram encaminhadas às comissões.

 



sábado, 17 de março de 2012

TRABALHADORES RURAIS INVADEM TERRAS DA FAZENDA VITÓRIA DO PARAGUAÇU EM CACHOEIRA

No auge da luta pela reforma agrária, foco de tensão política no Brasil no período imediatamente anterior à deposição do Presidente João Goulart e à consequente implantação da Ditadura Militar, em 1964, a Fazenda Vitória do Paraguaçu, em Cachoeira foi invadida há 50 anos, precisamente em 7 de fevereiro de 1962, por trabalhadores rurais que desejavam adquirir, pelo menos, a posse da terra onde trabalhavam e moravam. A Fazenda Vitória, no período imperial foi um dos mais ativos e produtivos engenhos de açucar do Nordeste e tinha pertencido inicialmente a Pedro Rodrigues Bandeira, uma das principais fortunas da época e introdutor da primeira máquina a vapor num engenho de açucar e mais tarde num barco, criando o Vapor de Cachoeira, em 1819. Em 1962, quando ocorre  a invasão dos trabalhadores rurais, as terras do antigo engenho já pertenciam ao Instituto do Açúcar e do Álccol (IAA), órgão do governo federal. Fora incorporada aos bens da União como pagamento de dívidas e empréstimos bancários não honrados.  A notícia da ocupação das terras mereceu destaque na edição do jornal O GLOGO (RJ), que em sua página de história das edições do próprio jornal relatou em 08 de fevereiro de 2012, a situação ocorrida há cinquenta anos.
*OBS: O  jornal grafa errado o nome, chamando o município de Cachoeiro


Na época da invasão, o país vivia um clima de tensão nas zonas rurais, com a ação de grupos conhecidos como Ligas Camponesas, lideradas pelo pernambucano Francisco Julião, em constante conflitos - muitos armados - com os grandes latifundiários, que muitas vezes contratavam pistoleiros e jagunços para acabar com as invasões de terra. No caso do conflito na Fazenda Vitória, por se tratar de terras da União, não houve conflitos com fazendeiros. Mas o fato mereceu destaque considerável num jornal ultraconservador como O  GLOBO, que fazia uma feroz oposição à política centro-esquerdista do governo de João Goulart, sendo um dos  sustentáculos, na mídia, do golpe militar que pôs fim à Democracia no Brasil, dois anos após a invasão.     

sábado, 28 de janeiro de 2012

IMAGENS DE CACHOEIRA (II)

Este blog, que tem o objetivo de resgatar a memória de Cachoeira, apresenta algumas cenas que demonstram a evolução urbana da Cidade Monumento Nacional. Nesta imagem, do início dos anos 30 do Sec. XX, temos o Jardim Grande - já então conhecido pelo nome de de Praça Ubaldino de Assis (1861-1928), que foi prefeito da cidade e deputado federal. Consta que Ubaldino de Assis foi quem doou à cidade, com seus próprios recursos, o coreto instalado nessa mesma praça. A Praça, então ainda pouco arborizada, parece ser mais bem cuidada do que nos dias atuais. A Rua da Ponte Nova, com suas casas pefiladas, já  com os trilhos onde os trens que iam ou vinham para São Félix, faziam manobras para entrar na Ponte D. Pedro II ou na Estação, cujo domo  aparace ao fundo, à esquerda do prédio escolar. À direita, a torre única da Igreja de Nossa Senhora da Conceição do Monte.  


 

sábado, 14 de janeiro de 2012

HÁ CEM ANOS, DISPUTA ENTRE AS OLIGARQUIAS PROVOCOU O BOMBARDEIO DE SALVADOR

Um dos fatos mais importantes da História da Bahia foi o bombardeio de Salvador, ocorrido precisamente há cem anos, no dia 10 de janeiro de 1912. Embora nada tenha sido feito, pelos órgãos públicos e entidades ligadas à preservação da memória, para lembrar essa data histórica, o fato não foi esquecido, graças à reportagem especial que o editor deste blog publicou no jornal A TARDE, cujo centenário coincidentemente também é comemorado este ano. O bombardeio foi o resultado da feroz disputa entre as oligarquias pelo poder político na Bahia. De um lado, Ruy Barbosa. E do outro, José Joaquim (J.J.) Seabra. Eles não mediram esforços e mobilizaram todos os tipos de recursos para conquistar o poder.  Ao final, Seabra foi o vencedor. Mas as marcas na cidade da Bahia e na história foram cruéis: o Palácio do Governo bombardeado, vários prédios atingidos -  seguidos de conflitos de rua que resultaram em mortos e feridos - e um incêndio que destruiu grande parte do acervo da Bibliotca Pública da Bahia,  a mais antiga do Brasil. Livros e documentos raros foram perdidos para sempre!
 Leia abaixo a matéria que publicamos no jornal A TARDE no dia 10 de janeiro, quando o bombardeio a Salvador completou cem anos.

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