Na manhã do dia 12 de abril de 1928, uma quinta-feira, Cachoeira foi abalada por uma notícia que logo cedo se espalhou pela cidade como uma bomba, causando estupefação em toda a comunidade:
"ROUBARAM A IGREJA MATRIZ E LEVARAM A ÂMBULA SAGRADA E OS ROSÁRIOS DE NOSSA SENHORA E DE DEUS MENINO ! Todas as peças eram de ouro maciço !!!"
O roubo foi considerado um sacrilégio e provocou uma onda de indignação até mesmo os não católicos. A âmbula é semelhante a um cálice, mas possui tampa. Nela são gruardadas as hóstias. Após a missa a âmbula é guardada no sacrário com as hóstias já consagradas que, eventualmente, não tenham sido usadas. No caso, a âmbula foi roubada do altar do Santíssimo Sacramento, que fica à esquerda do altar-mor do templo. Segundo relatos tinha a altura de um palmo e era uma verdadeira obra de arte, com valor estimado em 10 mil contos de réis, uma verdadeira fortuna para a época, hoje estimado em mais ou menos 1 milhão de reais.
(Modelo de uma âmbula)
Além da âmbula os ladrões levaram do altar-mor os rosários, também de ouro maciço, que ficavam entre os dedos das imagens de Nossa Senhora do Rosário e Deus Menino.
Conforme noticiamos neste blog (ver postagem de 31 de julho) este ão foi o primeiro roubo à Igreja Matriz de Cachoeira. Exatamente 110 anos antes, em 1818, foi roubado também do altar da Irmandade do Santíssimo Sacramento, um purificador lavrado em ouro maciço.
A perda das alfaias causou um trauma muito grande entre os cachoeiranos, o que levou a uma onda de especulações na cidade. Apesar de ter sido aberto um inquérito policial, jamais foram identificados os autores do roubo nem encontradas as valiosas peças do acervo da cidade.
A perda das alfaias causou um trauma muito grande entre os cachoeiranos, o que levou a uma onda de especulações na cidade. Apesar de ter sido aberto um inquérito policial, jamais foram identificados os autores do roubo nem encontradas as valiosas peças do acervo da cidade.
A notícia foi assim veiculada no jornal cachoeirano A ORDEM, em sua edição de 14 de abril daquele ano.
(Clique na imagem para facilitar a leitura)
A notícia do roubo foi comunicada aos cachoeiranos pelo Arcipestre Cavalcanti, pároco da cidade, durante a missa das 7 horas da manhã do dia 12 de abril de 1928.
O Padre Augusto Cavalcanti de Albuquerque era Arcipestre, um cargo honorífico entre o prelado católico, que significa uma proeminência entre todos os demais sacerdotes de uma determinada paróquia ou região. O arcipestre era geralmente o decano entre os sacerdotes e tinha autoridade moral sobre os demais, substituindo eventualmente os bispos em determinadas questões.
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