Embora tivesse nascido em Salvador, foi em Cachoeira que ele iniciou sua carreira política tendo um merecido destaque na galeria de heróis da guerra pela Independência do Brasil. Exerceu um papel fundamental no episódio do dia 25 de Junho de 1822. Nessa época, aos 28 anos, era advogado e jornalista em Salvador, onde editava O Constitucional. Perseguido pelo General português Madeira de Melo, por suas posições em defesa da Independência do Brasil, foge para Cachoeira escondido no fundo de um saveiro. Com sua retórica convincente prega entre os moradores da Vila a necessidade de aclamar "com a maior urgência possível" o Príncipe Regente Dom Pedro de Alcântara, Defensor Perpétuo do Brasil, desafiando assim as tropas e cortes portuguesas que o queriam de volta a Lisboa e assim recolonizar o Brasil. O que foi feito, em 25 de Junho de 1822.
Após a aclamação e o bombardeio da Vila, ele foi nomeado pela própria Câmara de Cachoeira o emissário para levar pessoalmente o documento a Dom Pedro, no Rio de Janeiro. Assim como fazer um relato da situação da Bahia, cuja capital estava em poder de Madeira de Melo enquanto no interior as vilas, lideradas por Cachoeira, se rebelaram e juraram obedecer unicamente a Dom Pedro, a quem conclamavam a declarar o Brasil independente. Com a cidade de Salvador sitiada, Montezuma (nome que só adotaria mais tarde) viajou a cavalo, seguindo pelo sertão baiano até a Estrada Real das Minas Gerais, daí alcançando o Rio de Janeiro onde foi recebido pessoalmente pelo Príncipe Regente. A partir da sua exposição sobre a gravidade da situação, Dom Pedro determinou o envio de tropas comandadas pelo General Pedro Labatut para libertar a Bahia. A proclamação da Independência em 7 de Setembro ainda o alcança no Rio de Janeiro. Mais tarde retorna à Bahia, em plena guerra, trazendo o equipamento gráfico doado pelo Imperador para montar O Independente Constitucional, primeiro jornal criado no Brasil independente, que circulou em Cachoeira, sede do Governo Provisório, até julho de 1823. Cachoeira o homenageou dando o seu nome a uma das mais antigas e tradicionais escolas da cidade, o Grupo Escolar Montezuma, na Avenida Ubaldino de Assis.
Após aclamar Dom Pedro em 25 de Junho de 1822 a Câmara de Cachoeira
nomeou Montezuma para ir ao Rio de Janeiro comunicar a notícia
ao Príncipe Regente.
nomeou Montezuma para ir ao Rio de Janeiro comunicar a notícia
ao Príncipe Regente.
Nascido em 1794, Francisco Gomes Martins era seu nome de batismo. Filho de um português e uma mulata, que o queriam padre, estudou em Coimbra onde se formou em Direito. Na volta à Bahia foi advogado e jornalista, quando se envolveu nas lutas pela Indepedência do Brasil. Após a guerra, seguindo uma tendência que se alastrara na Bahia, mudou o nome de origem portuguesa incorporando elementos nacionalistas: Gê tem origem indígena, Acaiaba tem origem africana e Montezuma era uma homenagem ao imperador asteca, assassinado pelos colonizadores espanhós. Após a Independência ter se consolidado na Bahia, foi distinguido por Dom Pedro I com a Medalha de Comendador da Imperial Ordem do Cruzeiro, a maior da época. Foi deputado constituinte em 1823 e fez oposição a Dom Pedro quando o Imperador não aceitou ter seus poderes controlados pela futura Constituição. Com o gesto absolutista de Dom Pedro, que fechou a Assembléia Constituinte e outorgou uma Constituição, Nontezuma foi preso e deportado para a França juntamente com José Bonifácio de Andrada e Silva e seus irmãos, Martim Francisco e Antônio Carlos, com quem fizera um sólida amizade desde quando foi emissário da Câmara de Cachoeira.
Em 1831 retornou ao Brasil e foi eleito novamente para a Assembléia Constituinte, onde defendeu vigorosamente o combate ao tráfico de escravos, sendo um dos primeiros abolicionistas. Foi Ministro da Justiça (1837) e Embaixador do Brasil na Inglaterra (1839). Em 1850 foi nomeado Conselheiro de Estado e, no ano seguinte, Senador pela Bahia. Em 1854 foi condecorado com o título de nobreza de Visconde de Jequitinhonha.
Montezuma foi notável orador e um dos grandes polemistas do II Reinado. Advogado e jurista foi um dos fundadores e primeiro presidente do Instituto dos Advogados do Brasil, embrião da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Foi um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB) e escreveu livros sobre direito, economia, história e política. Tem lugar de destaque também na história da Maçonaria no Brasil. Ainda no exílio, foi ajudado financeiramente por essa instituição, de quem recebeu a incumbência de abrir no Brasil lojas do Rito Escocês Antigo e Aceito no Brasil, o que fez em 1832 criando o Supremo Conselho. Morreu no Rio de Janeiro em 1870.
Bom dia, Jorge!
ResponderExcluirNa Cachoeira dos acontecimentos cotidianos e compromissos que se tem de honrar, ficamos sem tempo de fazer TUDO o que gostamos, de modo que seus "links" são sempre bem vindos, na medida em que nos permitem entrar imediatamente no blog e aproveitar sua sugestão. Há motivos reais para considerarmos Cachoeira como heróica.
Abraço,
Adinoel Motta Maia