quinta-feira, 29 de outubro de 2009

DOM PEDRO II VIAJA A VAPOR PELO RIO PARAGUAÇU A CAMINHO DE CACHOEIRA



Imperador D. Pedro II à época em que viajou para o Recôncavo (1859)

Há exatamente 150 anos, em 1859, o Imperador D. Pedro II, então com 34 anos e acompanhado da Imperatriz Dona Teresa Cristina e de uma vasta comitiva, realizou uma extensa viagem à região então conhecida como o Norte do Brasil (na verdade,  a visita foi ao Nordeste, expressão que não existia naquela época). O monarca saiu do Rio de Janeiro e de navio seguiu para a Província da Bahia, de onde foi para Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

O imperador, homem de notável formação intelectual e sólida cultura humanística, tinha uma grande curiosidade em conhecer o interior do país,  a gente  brasileira,  sua cultura, a economia, a história e a geografia do Brasil.  Um dos pontos visitados foi a Cachoeira de  Paulo Afonso, no Rio São Francisco. Tudo isso ele deixou registrado no Diário da Viagem ao Norte do Brasil, em que descreve as impressões captadas na excursão. Em muitos trechos do livro,  há relatos minuciosos  de paisagens que observou,  pessoas com quem dialogou  e situações que viveu. Ele visitou igrejas, hospitais, escolas, repartições públicas,  as sedes das câmaras , entidades e instituições culturais, fábricas, canaviais e engenhos, plantações de fumo, fazendas  e fábricas. Fez doações destinadas a pessoas  carentes e apoiou diversos empreendimentos.


Na Bahia, Dom Pedro II visitou Salvador e algumas cidades do Recôncavo, tendo ido a Nazaré das Farinhas,  Jaguaripe Itaparica. Depois foi para Cachoeira, Feira de Santana, São Gonçalo,   Conceição de Feira,  São Félix, Muritiba, Maragojipe, São Francisco do Conde e Santo Amaro. No trecho a seguir,  Dom Pedro II narra em seu diário de viagem  a viagem pelo Rio Paraguaçu, até Cachoeira, onde chegou na noite de 5 de novembro de 1859. No dia seguinte, logo cedo, viajaria para Feira de Santana e retornaria depois para cumprir uma extensa agenda de compromissos em Cachoeira, São Félix, Muritiba e Maragojipe.

Esclarecimentos : 1) Os números que abrem os textos referem-se aos minutos e horas, conforme foram anotados; 2) As referências entre parentêsis são esclarecidas  embaixo de cada texto.

 
(361) O  nome correto é Engenho da Ponte e pertenceu, de fato, a Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sá (1762-1835), que foi senador e fez parte da Constituinte de 1823.

(362) Dom Pedro equivocou-se. Embora construído pela ordem dos franciscanos o Convento do Paraguaçu é dedicado a Santo Antônio. A confusão é comum até hoje, por ficar situado na localidade de  São Francisco, no  Iguape, região de Cachoeira onde ficavam os principais engenhos de açucar. Atualmente o Convento de Santo Antônio do Paraguaçu está  em  completa ruína.
Dom Pedro II refere-se à "baldeação", quando  a comitiva passou da embarcação em que estava para o Vapor Pirajá, que era conduzido  pelo 1º Tenente da Marinha, João Baptista de Oliveira Montaury.

(363) O engenho pertencia a Tomás Pedreira Jeremoabo.




(364) Francisco Vieira Tosta (1804-1872) era irmão do Barão de Muritiba e presidia a Câmara de Cachoeira. Após a viagem receberia título de Barão de Nagé. 

(365) Salvador Moniz Barreto de Aragão de Sousa Menezes (1789-1865) era Barão de Paraguaçu desde 1849.
(366) Pedro Moniz Barreto de Aragão (1827-1894) era filho do Barão de Paraguaçu e viria mais tarde (1888) a receber o título de Barão de Rio de Contas.
(367) Egas Moniz Barreto de Aragão era outro filho do Barão de Paraguaçu. Mais tarde foi agraciado com o título de Barão de Moniz  de Aragão.

368) João Carlos Viana Navarro de Andrade era filho de Vicente Navarro de Andrade, 1º Barão de Inhomirim, médico da Imperial Câmara e amigo pessoal do primeiro imperador do Brasil, Dom Pedro I.



Quando diz "beijei o Santo Lenho" o Imperador refere-se a uma relíquia da madeira que,  conforme a crença católica, era da cruz em que Jesus Cristo foi crucificado.Há tantas "relíquias" espalhadas pelo mundo que daria para fazer uma floresta de cruzes. Tem valor puramente simbólico. 

(369) O Barão de Muritiba era Manuel Vieira Tosta (1807- 1896) que à época dessa visita de Dom Pedro II era Ministro da Justiça. Mais tarde o filho dele, 2º Barão de Muritiba, acompanharia a família imperial ao exílio, devido à proclamação da República. E a 2ª Baronesa de Muritiba venderia as próprias jóias para pagar o mausoléu de Dom Pedro II, que morreu  pobre em Paris, em 1891.

(370) O pregador a que se refere o Imperador, era Frei João do Carmo.
(371) Feira de Santana. 



Nesse último texto, Dom Pedro II refere-se a Egas Moniz Barreto de Aragão e Francisco Vieira Tosta, que o acompanharam a Feira de Santana.



NA PRÓXIMA POSTAGEM : A SEGUNDA ETAPA DA VISITA DE DOM PEDRO II A CACHOEIRA





2 comentários:

  1. Riquíssimas experiências... do Imperador, ao entranhar-se nestas terras baianas e nossa, ao desfrutar do valioso conteúdo do seu blog!

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  2. alguem tem uma foto da cachoeira da pedra do cavalo?

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