Numa demonstração de que o roubo de peças sacras das nossas igrejas não é fenômeno recente nem episódico, o jornal A IDADE D´OURO DO BRASIL - o primeiro a circular na Bahia e o segundo do Brasil - noticiou em 1818, portanto há 192 anos, o roubo de um "purificador de ouro lavrado", pertencente à Irmandade do Santíssimo Sacramento, que funcionava na Igreja Matriz da Vila de Cachoeira. Era uma riquísima e rara peça de ouriversaria, usada juntamentre com cálices, custódias, castiçais, turíbulos e ostensórios nos rituais litúrgicos da Igreja Católica.
A riqueza das peças das igrejas de Cachoeira, a maioria em ouro e prata, tem origem na importância da então Vila, que durante grande parte do período colonial era passagem obrigatória para o escoamento da produção das minas do sertão brasileiro, um dos principais acessos entre o sertão e o litoral, de onde a riqueza produzida em Minas Gerais - ouro prata e diamantes - seguia para Portugal. Cachoeira atraiu nessa época grandes e criativos ourives, que trabalhavam artisticamente o material bruto, lapidando-o e dando-lhes a forma desejada. Essa atividade, inclusive, chegou a ser regulamentada pela Coroa Portuguesa para evitar o descaminho, ou contrabando. Lembremos que até 1763 a cidade de Salvador era a capital do Brasil, transferida para o Rio de Janeiro justamente para facilitar e tornar mais seguro o acesso entre a Metrópole e a Colônia, com a construção da Estrada Real que ia direto de Minas Gerais até o Rio de Janeiro.
Abaixo: Exemplo de um purificador, que se encontra no Museu de Arte Sacra de Lisboa, peça onde eram guardadas as brasas (o fogo purificador), depois fransferidas para o turíbulo, usadas no ritual católico.
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