sexta-feira, 2 de julho de 2010

A SANTA CASA DE MISERICORDIA DE CACHOEIRA NO RELATÓRIO DO PRESIDENTE DA PROVÍNCIA DA BAHIA

Em sua FALA - uma espécie de relatório prestando contas e apresentando propostas - na  abertura da 2ª Sessão da 24ª Legislatura da Assembléia Provincial da Bahia, realizada  em 3 de abril de 1883, o Presidente da Província da Bahia (cargo equivalente ao do atual governador), Conselheiro Pedro Luiz Pereira de Souza,  deu destaque especial às atividades realizadas no exercício anterior pela Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira, que embora fosse uma instituição privada, recebia subvenções oficiais para prestar assistência médica à população.    


                                    
A Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira 


QUEM FOI O CONSELHEIRO PEDRO LUIZ

Uma das principais ruas do bairro do Rio Vermelho, em Salvador, tem o nome de Conselheiro Pedro Luiz Pereira de Souza (1839-1884). Ele foi advogado, jornalista, parlamentar, ministro de estado e poeta. Nasceu no Rio de Janeiro e  era tio de Washington Luis, que veio a ser Presidente do Brasil, entre 1926/1930. Pedro Luiz foi deputado e presidiu a Província da Bahia entre 1882/1884. Foi também Ministro de Negócios Estrangeiros e interino da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. Ao assumir este cargo, nomeou um modesto funcionário de carreira do Ministério  para ser seu Chefe de Gabinete. Era nada mais nada menos que Machado de Assis, a quem se ligou intelectualmente e de quem se tornou amigo. Foi um gesto que significava a garantia de que não deve ter saído de  sua mesa nenhum ofício, relatório ou o mais simples e desimportante despacho burocrático,  sem uma revisão arguta do Bruxo Velho da nossa literatura, já nessa época revisor de jornais ! Ou seja: a possibilidade de qualquer  erro de redação ou concordância em documentos oficiais do Ministério era ZERO ! Pedro Luiz foi nomeado Conselheiro do Império em 1880 e tinha uma razoável produção literária (poesia e ensaios) que anos mais tarde lhe seria útil para entrar na história da literatura brasileira. Em 1897 quando Machado de Assis e Lúcio de Mendonça organizavam a criação  da Academia Brasileira de Letras o nome de Pedro Luiz, que havia morrido em 1884, aos 45 anos, foi escolhido para ser o patrono da Cadeira Nº 31.

O Este quadro que retrata o Conselheiro Pedro Luiz (1839-1884)
está no Salão Nobre da Associação Comercial da Bahia




A leitura dos trechos nos quais é citada a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira permite-nos algumas observações: a cidade estava sofrendo  à época uma epidemia de varíola e embora a instituição tivesse um patrimônio considerável,  com casas térreas, sobrados e terrenos espalhados por toda a cidade, foi registrado um certo equilíbrio entre e receita e a despesa.

2 comentários:

  1. Parabéns Jornalista Jorge Ramos,realmente só se valoriza o que se conhece,você com seu trabalho está nos ensinando a valorizar a nossa história.Esquecida,propositadamente ao longo dos anos.Povo sem memória é massa.

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  2. O interessante também é perceber a importância Histórica e filantrôpica desta Instituição em nosaa região,para não dizer em toda a Bahia;também se observa o controle robusto de suas finanças,coisa que infelizmente deixa-se a desejar nos dias de hoje,é preciso mais austeridade.No mais, é torcer para que o governo do Estado continue ajudando essa secular Irmandade que tanto bem nos faz e que por pouco não sucumbiu,por mero capricho político ou por interesses escusos.Parabenizo-lhe pelo seu relevante trabalho de informação e resgate histórico das verdades escondidas no tempo.

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